Os sistemas de monitoramento de parâmetros oceanográficos estão ganhando mais espaço nos portos brasileiros. Eles têm sido uma valiosa ferramenta de suporte operacional para a logística portuária com dados gerados e disponibilizados em tempo real, de ondas, correntes e nível da água, somado a precisas previsões meteorológicas, o que viabiliza o planejamento dos portos frente às intempéries naturais capazes de paralisar operações.
“A aplicação da oceanografia operacional vem causando uma revolução em portos e terminais”, diz o CEO do Grupo Acquaplan, Emilio Dolichney. Segundo ele, além de prever e comunicar sobre as condições meteorológicas e oceanográficas com antecedência e em tempo real, ele fundamenta prognósticos e estabelece janelas operacionais seguras e confiáveis. “Empreendimentos que não investem nestas tecnologias tendem a ficar para trás nos quesitos agilidade, conhecimento e gestão logística”, afirma.
Em Santa Catarina, o Grupo Acquaplan, desenvolveu um sistema de monitoramento de tráfego aquaviário com oceanografia operacional utilizando equipamentos e sensores de alta qualidade, operacionalizados por uma equipe especializada e em constante aprimoramento, e que está atendendo a vários portos e terminais portuários do Brasil.
O SIMPORT, sistema de monitoramento de tráfego aquaviário e dados meteoceanográficos para auxílio a navegação e operações em áreas fluviais e marítimas aplica o moderno conceito de Dynamic Under Keel Clearance (DUKC), regulamentado no Brasil pela Autoridade Marítima e que viabiliza uma integração de banco de dados entre Autoridade Marítima, Autoridade Portuária e Serviço de Pilotagem Marítima, dando objetividade na tomada de decisões na logística portuária.
Configuração e sensores para o sistema de monitoramento em tempo real
Sistemas de monitoramento meteoceanográficos podem variar em sua composição, mas os parâmetros essenciais que eles precisam medir para serem eficientes são: ondas, correntes marítimas, nível do mar e direção e velocidade do vento. Dependendo dos requisitos ambientais específicos a que um porto está sujeito ou tem interesse no que diz respeito aos projetos de monitorização, novos sensores (condutividade, oxigénio dissolvido, turbidimetria) podem ser instalados no mesmo ponto e integrados no sistema.
Os dados de todos os sensores são enviados através do sistema de telemetria e utilizados para fornecer informações em tempo real, além de alimentar a base de dados para inteligência artificial com o objetivo de prever as condições oceanográficas para a região. Em termos práticos, as informações meteoceanográficas aliadas ao monitoramento de tráfego de navios poderiam servir de parâmetro de entrada para aplicações de gestão de janela operacional portuária, elevando a eficiência das operações a novos patamares.
Para facilitar o processo de instalação, este pacote de acessórios pode ser instalado próximo a uma boia de marcação de porto, de boa estabilidade, com o sistema de telemetria fixado em cima dela, fator importante para a integridade do cabo de dados nesses tipos de sistemas com equipamentos ancorados.
A descarbonização dos portos também demandará monitoramento dos parâmetros de navegação, e calcular as emissões é uma tarefa difícil e complexa. A instalação de instrumentos meteoceanográficos e o constante monitoramento do tráfego das embarcações é essencial para estimar as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).
Alternativas para medir ondas, correntes, nível de água
Existem no mercado diferentes soluções para medição de ondas, correntes e nível de água que podem utilizar boias de superfície, radar ou instrumentos ADCP ancorados no fundo do mar. Cada uma dessas opções tem suas vantagens e desvantagens, assim como escalas espaciais e temporais específicas para coleta de dados.
Uma solução muito utilizada por portos ao redor do mundo é o uso de um ADCP AWAC 600 kHz ancorado ao fundo do mar, em sua configuração voltada para cima. Este instrumento usa pulsos acústicos para medir a velocidade da água, permitindo a criação de perfis de correntes para toda a coluna d’água e o cálculo dos parâmetros das ondas, o que permite coleta de dados com alta estabilidade, medições precisas e operabilidade de longa duração.
As empresas que dominam as técnicas de ancoragem ADCP para fins portuários alcançaram altos níveis de operabilidade e satisfação do cliente. É o caso do SIMPORT, do Grupo Acquaplan, que tem contribuído para que os portos onde opera tomem decisões de manobra de navios e logísticas com maior confiança e segurança, com base na hidrodinâmica local.
“Quando olhamos para a quantidade de dados sendo gerados e a forma como os conceitos atuais de inteligência artificial, big data, internet das coisas e integração com outros sistemas podem processar os dados para gerar informações, podemos ter certeza de que os padrões de funcionamento eficiência e segurança atingirão níveis atualmente inimagináveis no futuro, um exemplo é o inovador sistema de monitoramento de partículas em suspensão que permite estimar assoreamento em áreas portuárias que desenvolvemos.”, afirma o oceanógrafo Emilio Dolichney.