Missão Brasil-Africa Solutions, da ApexBrasil, gera R$ 104 milhões em negócios para empresas brasileiras


A missão Brasil-Africa Solutions (BAS), realizada entre os dias 11 e 15 de junho pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em parceria com as agências de promoção comercial de Angola (AIPEX), África do Sul (DTIC), Moçambique (APIEX) e Tanzânia (TanTrade), movimentou impressionantes R$ 104,8 milhões em negócios para empresas brasileiras, somando as vendas imediatas e as esperadas para os 12 meses subsequentes. O objetivo da BAS foi gerar e fortalecer oportunidades de comércio entre o Brasil e países do sul do continente africano.

Com ações em Joanesburgo e arredores, na África do Sul, a iniciativa promoveu rodadas de negócios entre 36 empreendimentos do Brasil e 65 compradores de África do Sul, Angola, Moçambique e Tanzânia. Além disso, a missão BAS organizou momentos de networking e visitas técnicas a mercados, estúdios e lojas de departamento potencialmente interessados na importação dos produtos brasileiros, como Builders Warehouse, African Craft Market, Woolworths e Makro. Envolveu, ainda, a participação na Africa’s Big 7, a maior feira de alimentos e bebidas do continente, selando a retomada da participação do Brasil nas grandes feiras africanas de negócios (clique aqui para saber mais sobre a Big 7).

O aprofundamento das relações comerciais e diplomáticas com o continente africano é uma das prioridades da ApexBrasil, que em 2023 organizou missões à região em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e outros órgãos do Executivo. Em junho, no marco da 15ª Cúpula dos BRICs, uma delegação da Agência esteve em Joanesburgo para uma série de agendas políticas e de negócios. No mesmo mês, também na capital sul-africana, foi realizado um encontro com as representações diplomáticas do Brasil em mais de 20 nações do continente, que reforçaram a necessidade de retomar os laços com a África.

Já em agosto, a Agência promoveu o Fórum Econômico Angola Brasil, na capital Luanda, no âmbito da visita do presidente Lula ao país. Esforços como esses têm buscado retomar as vendas de produtos nacionais e ampliar as compras de produtos africanos em um período relativamente curto. A última participação da ApexBrasil nas feiras internacionais de Luanda (FILDA) e de Moçambique (FACIM), por exemplo, havia sido em 2017. Em 2024, a ApexBrasil também levará uma delegação a essas feiras.

“O Brasil-Africa Solutions marca a concretização da retomada dessas relações comerciais. Nossas empresas vieram focadas em não apenas vender, como também em comprar do continente africano por meio de algumas trading companies que fazem parte de nossa delegação. Isso porque entendemos a necessidade de um maior equilíbrio na balança comercial entre o Brasil e as nações do continente”, destacou a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, que esteve à frente da delegação brasileira na missão BAS. Em paralelo, Repezza participou ainda de agendas na África do Sul com foco nas temáticas de gênero, diversidade e inclusão, como parte do programa Mulheres e Negócios Internacionais, também da ApexBrasil (saiba mais aqui) .

Conexões

As 36 empresas que integraram a delegação brasileira no BAS atuam nos setores de alimentos & bebidas, cosméticos, baby care, utilidades domésticas, casa & construção e máquinas e equipamentos. Uma delas é a Moval Móveis, com sede em Arapongas (PR). Apesar de já exportar para 35 países, sendo oito na África, foi a primeira vez que a empresa participou de uma ação direta da ApexBrasil. “Os nossos produtos têm bastante aceitação aqui no continente africano e, como queremos expandir a nossa exportação para cá, decidimos participar”, contou a gerente de comércio exterior da Moval Móveis, Jaqueline Cuerda. “Quando tem o governo brasileiro respaldando e validando empresas brasileiras, nos facilita muito nos contatos”, acrescentou.

Outra empresa presente foi a Mueller Eletro, de Timbó (SC). “A ideia de participar do Brasil-Africa Solutions foi trazer novamente esse mercado para dentro da nossa carteira. A gente sabe que a ApexBrasil tem esse know-how e consegue nos ajudar e fazer a conexão de importadores aqui do mercado africano com fornecedores do Brasil”, comentou a coordenadora de exportações da Mueller Eletro, Hemelli de Oliveira, que representou a empresa na missão. Segundo a profissional, itens de entrada como tanquinhos e fogões de mesa, com preços mais atrativos, são os que têm maior potencial de entrada no mercado sul-africano.

As dificuldades enfrentadas devido às chuvas no estado não impediram que a gaúcha Atlas Pinceis participasse da missão. Hoje, 10% do que a companhia produz já é direcionada ao mercado externo, incluindo oito países africanos. A ideia é aumentar esse volume, tendo pinceis, rolinhos de pintura e vasilhas como carros-chefes. O trader de exportação da empresa, Felipe Fernandes relatou que teve uma excelente impressão dos compradores africanos com quem se reuniu, especialmente dos distribuidores de Angola, que se interessaram bastante pelos produtos da companhia.

“Durante as visitas ao mercado a gente encontrou bastante similaridade em alguns produtos, nos métodos de exposição por exemplo. O atendimento ao consumidor bem similar aos home centers brasileiros”, acrescentou Fernandes, sobre as visitas técnicas. “A missão comercial é positiva em vários fatores, inclusive nossa vinda até o continente africano não serve somente para prospectar novos clientes e novas regiões. A gente acaba também aproveitando a viagem para atender e visitar os clientes onde a gente já tem relacionamento e já oferece o nosso produto. Dessa forma a missão também é positiva”, finalizou.

Do lado dos compradores, muitos também aprovaram a missão Brasil-Africa Solutions. É o caso de Jean-Pierre Pieterse, representante da empresa JP Marble Classic, da África do Sul. Ano passado ele participou da rodada de rochas ornamentais do programa Exporta Mais Brasil, em Cachoeiro do Itapemirim (ES), e está agora dando sequência aos negócios iniciados lá. “Antes disso, nunca conseguimos comprar do Brasil. Não sabíamos com quem trabalhar, nem as formas como chegar lá. E graças à Apex e à equipe do Brasil, estamos muito satisfeitos de trabalhar com eles. Estamos animados para o futuro”, comentou o comprador, que chamou a atenção ainda para a qualidade dos produtos e das indústrias brasileiras com quem se reuniu durante o BAS.

Já o diretor de gestão da Peagro Impex Tanzania Company, Peter David Kulyakwave, destacou a possibilidade de transferência de tecnologias para seu país, especialmente para a garantia da segurança alimentar. “É um prazer para mim estar aqui porque tive a oportunidade de conhecer diferentes companhias do Brasil. Tivemos boas comunicações e trocamos ideias sobre os seus produtos e o ‘estado da arte’ de tecnologias do Brasil, que eu achei muito relevantes para trazer para a Tanzânia”, disse.

Negócios com o continente

Em 2023, as exportações brasileiras para África bateram recorde histórico, alcançando US$ 13,2 bilhões. Em conjunto, os países africanos já são o quarto principal destino das exportações brasileiras, mas há espaço para ampliar e diversificar o comércio bilateral. A pauta exportadora do Brasil para o continente está concentrada em commodities, com destaque para produtos do complexo de alimentos e bebidas (como açúcar, milho, carnes de aves, soja, carne bovina e óleo de soja), para minério de ferro e para óleos combustíveis de petróleo.

Além das commodities, veículos rodoviários aparecem entre os principais produtos exportados, sendo que suas vendas contribuíram para a expansão das exportações em 2023. Quanto aos destinos, Argélia (17,9%), Egito (17,6%), África do Sul (12,4%), Marrocos (9,4%) e Nigéria (7,4%) foram os principais compradores brasileiros no continente. Esses países representam quase dois terços do valor exportado no último ano, como aponta o Perfil de Comércio e Investimentos África, publicado pela ApexBrasil.

O estudo também indica quais produtos brasileiros ampliaram sua participação no mercado, aqueles que perderam espaço, os principais concorrentes brasileiros e as mais de seis mil oportunidades identificadas pelo Mapa de Oportunidades em diversos setores. Alguns destaques são combustíveis minerais (óleos brutos, óleos combustíveis e produtos residuais de petróleo); produtos alimentícios (açúcar, milho e carne e frango); e máquinas e equipamentos de transporte (zinco, ferroníquel, madeiras compensadas e papel).

 

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