Cientistas da Universidade Federal do Paraná detectaram que o Porto de Paranaguá, no litoral paranaense, teve diminuição expressiva de poluentes como enxofre e níquel de 2019 para 2020. O artigo “Impact assessment of IMO’s sulfur content limits: a case study at latin America’s largest grain port”, escrito em conjunto com uma grande equipe de pesquisadores da área, mostra os resultados da tese de doutorado da engenheira ambiental, Camila Bufato, orientada pelo professor Ricardo Godoi.
A cientista avaliou os impactos das políticas instituídas pela Organização Marítima Internacional (OMI) em 2020 para a redução da composição do enxofre no combustível utilizado pelos navios, que trafegam até os portos. Segundo a pesquisa, o transporte marítimo é responsável por 80% do comércio mundial, incluindo aproximadamente 100 mil embarcações, e gera um consumo de 4,3 milhões de barris de óleo combustível pesado diariamente.
O estudo revelou que os metais pesados que mais diminuíram no Porto de Paranaguá foram o vanádio (86%), níquel (62,06%) e enxofre (40%). Para chegar neste resultado os pesquisadores contaram com equipamentos chamados “impactadores Harvard”, que auxiliaram a medir a concentração média de material particulado fino 2.5, específica de navios.
O conteúdo coletado semanalmente próximo ao porto era identificado após passar por uma análise em laboratório denominada fluorescência de raio-x. “Depois da coleta e análise elementar do material particulado fino (MP2,5) foi aplicada uma equação, em que é possível calcular o quanto da emissão do particulado, incluindo o enxofre, níquel e vanádio, está associado ao óleo combustível de navios. O ideal agora é um monitoramento contínuo, para que os pesquisadores consigam avaliar isso a longo prazo, e assim reunir resultados mais robustos, mais complexos”, explicou a pesquisadora Bufato.
“A diminuição do teor de enxofre no combustível utilizado pelos navios causou um grande impacto positivo no meio ambiente do litoral paranaense, melhorando a qualidade do ar. Isto beneficia a área ambiental e toda a comunidade portuária pois reduz os malefícios para a saúde das pessoas. A tendência é que a logística mundial se alinhe cada vez mais às medidas sustentáveis e a Portos do Paraná vem seguindo este padrão”, enfatizou o diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná, João Paulo Santana.
Pesquisas
Além da pesquisa realizada pela UFPR, outras instituições também avaliam os impactos portuários ao meio ambiente. A Portos do Paraná, por exemplo, conta com dezenas de programas, que incluem o monitoramento, gerenciamento, controle e fiscalizações ambientais. Os monitoramentos ambientais realizados contemplam: qualidade das águas, atividade pesqueira, biota aquática, qualidade dos sedimentos, água subterrânea e de lastro, e monitoramento de manguezais, entre outros.
O Governo do Paraná também se baseia na ciência para detectar os níveis de emissão de poluentes, por meio do incentivo a projetos como o Napi Emergência Climática. O projeto, orçamento de R$ 3,2 milhões, tem duração de 3 anos e reúne mais de 48 pesquisadores espalhados pelo Paraná focados na detecção de gases poluentes.